sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Apenas o Fim

...'' Eu tenho andado feliz. E sim, continuo falando de amor, escrevendo os mesmos textos de sempre, poetizando qualquer coisa que apareça e fingindo não ser romântica.


Agora eu acabei de equilibrar a doçura, nas pontas do pés. Consegue ver? Se eu deixar cair, espalha. Sorri no escuro ao lembrar minha infantilidade em procurar o vento, naquela época, para que as palavras chegassem suaves aos teus ouvidos. Fico feliz em notar que ainda carrego delicadeza nos dedos ao escrever a você. Não nos despedimos.


Essa semana peguei um táxi e passei do ponto porque simplesmente estava sorrindo pensando que, ah!, são coisas muito bonitas nos esperando. E quando pisei no chão, primeiro com o pé esquerdo, deixei cair o pirulito de coração. Despedaçou-se enquanto tive uma certeza: eu vou te amar em todos os meus amores. Já não contesto.


Outro dia revi Apenas o fim. Cada diálogo foi como se compusesse nossa despedida. Foram coisas lindas. Coisas bobas. Coisas nossas. Ele você ela eu. Quis te mandar um torpedo, quando foi dito: você é meu chicletinho mastigado. Não somente por ser a cara do que fomos, mas também porque interpretei de um jeito engraçado, sabe? É que vai ver o doce se perdeu, mas continua a grudar. Está grudado. Vai sempre ficar um pedaço, uma marquinha. Ficou.


Aprendi que não existe pedagogia para sentimentos. Eu tive febre. E passou. Passou aquela vontade de querer te ligar durante o sinal vermelho só para contar do que andou acontecendo. A vontade de te contar das minhas revoltas, das minhas mudanças. Ando tão madura, tão mais boba, mais eu, menos você. Passou a vontade de falar do medo que tive nos primeiros dias, de ser a cada hora menos você. Passou. Passou inclusive o meu sorriso contente ao me imaginar escrevendo e lembrando você, num futuro, balbuciando entre um suspiro e outro, com uma voz muito concentrada no azul, a frase do poeta: minha impressão é que tenho amado sempre.


Por ter/ser passado, hoje, quero pedir: não me devolva nada. Não me entregue tuas ternurinhas. Não me devolva tudo o que já te entreguei, agora, quando já não interessa. Você deixou a porta entreaberta, eu fechei. Fecho. Se abra inteiro, encontre alguma menina interessante, me deixe passar. O meu amor foi grande. É imenso. É sempre teu. Mas não mais vivemos juntos nele. Ainda penso conseguir um dia estar ao teu lado, saber te ouvir, arranhar teus ouvidos com meus sorrisos, ficar horas pendurada ao telefone. Me engano, assim, para doer menos. Já doeu demais.


Continuo a te querer bem. Respeito nosso relicário. Respeito você. Sempre que noto as coisinhas construídas que me foram deixadas, me sinto bem. Faz cócegas ter você me alicerçando. Amores de ontem, todavia, devem ficar na poesia intocável. Por isso afirmo que aqui, nesse parágrafo, estou me despindo de você. Deixo tudo. Vai haver um ponto final adiante, porque aprendi a usá-lo. Deixo aqui. Não aceito devoluções. Se não for teu, sempre será de alguém.


Te abraço com calma, para que os corpos solucem todos os beijos que não foram dados. Te entrego alguma coisa bem bonita. Que todo o amor que deixei seja teu, ainda que levado por outro alguém.


Que o coração jamais se apague.



P.S.: O que importa, realmente já foi feito. E é nosso. Sempre seremos nossos, porque ninguém nunca nos terá igual. Nunca havia sido tão assim, eterno.

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